Como mulher e mãe, o preço que eu pago quando escolho focar na minha carreira é sempre mais alto.


Ontem, ao chegar em casa, tive o meu primeiro abraço negado pelo meu filho — o que me quebrou por dentro. Ele estava visivelmente chateado comigo. Esta última semana, precisei deixá-lo com uma rede de apoio improvisada para ir viver um sonho… e eu tive que pagar.


Sentei para conversar com ele e explicar o quanto era importante o que eu estava fazendo, que era para eu poder ser uma médica melhor e ajudar os meus pacientes.


No que aquela pequena mente sagaz retruca:

– Mas, mãe, você já é uma médica excelente e já ajuda tanta gente! Pra que mais?


Eu não soube o que responder…

Primeiro porque é verdade.

Eu sou uma boa profissional e faço tudo dentro das minhas capacidades para ajudar os meus pacientes… e senti que, se forçasse nesse caminho, eu não ganharia essa discussão.


Deixei a conversa assim e fui fazer o jantar dele — porque era a forma que eu tinha naquele momento, mesmo exausta, de mostrar o meu amor por ele.


Quando a mãe se ocupa, a mente se libera — e eu entendi que não estava sendo completamente sincera com o meu filho.

Na verdade, a resposta daquele “por quê” era muito menos altruísta do que eu gostaria de admitir para mim mesma.


O fato é que eu faço — e sempre fiz — por mim.

Porque eu PRECISO aprender.

Porque existe uma fome dentro de mim que eu nunca consigo matar por saber mais.

Porque é isso que me faz feliz!


Sempre foi…

Desde a menininha decorando todos os ossos do corpo,

até a estudante escrevendo resumos e deixando no xerox pra turma,

até a mãe hoje… que precisa saber.


O preço que eu pago hoje é muito mais caro, meu tempo é mais escasso…

Mas eu sento e explico pro meu filho o verdadeiro porquê.


Digo que é o que me faz feliz.

E depois dessa resposta, ele não retruca. Não reclama.

Eu reforço que ele é minha prioridade e sempre será…

Mas que eu preciso cuidar da minha felicidade também,

porque assim eu vou ser uma mãe melhor pra ele.


E enfim, temos a verdade.